“Comeram
o doce antes da festa”. Este foi um comentário de um Saogonçalense sobre a
queima fogos de artifício em comemoração a não cassação do atual prefeito
de São Gonçalo, Antônio Carlos Noronha Bicalho (PDT), recentemente. Segundo o
mesmo, será muito difícil para o prefeito escapar das “garras” da justiça, já
que pesa contra ele fotos e filmagem de uma possível “compra de votos”.
O atual
prefeito da Coligação “São Gonçalo somos todos nós”, se safou de dois
processos, (63.888 e 63.794), considerados mais fracos, sendo absolvido pelo
Juiz José Afonso Neto.
Porém o
processo 63.906, que ainda esta Sub Judice, é considerado o mais grave por
conter a acusação de compra e fornecimento de materiais de construção para
possíveis compras de votos. Além do fornecimento de material hidráulico do DAE
para possíveis eleitores e empreiteiras. O processo foi movido pela coligação do
candidato derrotado nas eleições de 2012, Luzimar da Fonseca (Buzica).
Prefeitos cassados deveriam arcar com os custos da
nova eleição, mas a cobrança não tem sido fácil.
Um ano depois de firmar um acordo
com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impor aos prefeitos cassados por
crimes eleitorais os custos da nova eleição, a Advocacia-Geral da União luta na
Justiça para reaver R$ 1,027 milhão devidos pelos prefeitos cassados e
enquadrados na norma. Até o momento, menos de 10% desse total foram pagos.
“Muitos devedores não pagam enquanto não forem à Justiça. Essa é uma matéria
nova para as procuradorias. As primeiras ações foram ajuizadas de julho do ano
passado para cá”, informa o diretor de Patrimônio e Probidade da AGU, Renato
Dantas.
Segundo a Lei Eleitoral, são
convocadas eleições suplementares sempre que o candidato que foi eleito com
mais de 50% dos votos válidos tiver seu registro de candidatura indeferido ou
seu mandato cassado por crime eleitoral, como abuso de poder político ou econômico
e compra de votos.
Segundo
Dantas, existem dois cenários básicos em relação ao pagamento das dívidas.
Alguns ex-prefeitos cassados por improbidade administrativa podem fazer o
pagamento mediante acordo direto com as procuradorias da AGU espalhadas pelo
país. “Nesses casos, a dívida pode ser parcelada sem nenhum problema. Quem paga
à vista pode negociar também um desconto”, explicou.
Desde janeiro de 2012, quando a
AGU e o TSE se uniram na tentativa de penalizar financeiramente os prefeitos
cassados, foram ajuizadas 23 ações de ressarcimento, das quais três resultaram
em acordo judicial com os prefeitos processados pela AGU. Em outros dois casos,
os acordos foram celebrados antes mesmo da abertura de processo.
A outra possibilidade de
ressarcimento é por meio do Poder Judiciário. “Nos casos em que eles se negam a
pagar, fazemos a cobrança judicial. O problema é que a AGU fica à mercê do que
o Judiciário entender”, diz o diretor do órgão. Dos 20 processos de cobrança
contra prefeitos que correm na Justiça, quatro estão no Ceará. O restante se
divide entre Minas Gerais, Goiás, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio de
Janeiro e Tocantins.
Para se ter uma ideia dos
montantes envolvidos no processo eleitoral, as eleições de 2012 custaram R$ 395
milhões aos cofres públicos, segundo informações do TSE. Assim, cada voto dos
mais de 138,5 milhões de eleitores aptos que participaram do pleito do ano
passado custou R$ 2,81. Com base nessas cifras, uma eleição para prefeito em
uma cidade com 50 mil habitantes, por exemplo, representa um custo de R$ 140,5
mil ao contribuinte.
Dantas explicou que a eficácia da
medida depende da atuação da AGU. “É um crédito devido à União. A eficácia está
ligada diretamente à nossa maneira de agir, aumentando as formas de se cobrar”.
Ele informou que, até agora, cinco ex-prefeitos procuraram a AGU
espontaneamente para regularizar a situação. “Acho um número bom se avaliarmos
que foram ajuizadas 23 ações de ressarcimento”, comemora.
Fonte: Correio
Braziliense
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