Bin Laden era só um homem, o terror é múltiplo e pode assumir várias faces. Morre o terrorista, mas não o terrorismo.

A hidra é um animal da mitologia grega com várias cabeças de serpente, sendo uma delas imortal e corpo de dragão. Foi criada por Juno e era um dos doze trabalhos de Hércules. O seu sangue assim como o seu hálito era venenoso. Se suas cabeças fossem cortadas, elas voltavam a nascer.
A vida da humanidade pode vir a ser comparada a ela, pois ao tentarmos resolver um problema podemos criar outros bem maiores. A questão do terrorismo é um exemplo.

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse na segunda-feira que "este é bom dia" para o país e que o mundo se transformou num lugar melhor após a morte de Bin Laden. A morte de Bin Laden, que alcançou status quase mítico por sua habilidade em evitar ser capturado nos esforços feitos por três presidentes dos EUA, encerra um capítulo amargo na luta contra a Al Qaeda, mas não elimina a ameaça de ataques futuros. Mas, acredito que esta mudança é apenas com relação ao ego americano, pois eles andavam meio abalados com a crise financeira que vinham enfrentando há algum tempo. Ter seu maior inimigo morto é como um troféu para a Nação.

No entanto, apenas nos Estados Unidos a cada ano, cerca de 30.000 pessoas morrem em acidentes automobilísticos, a maioria dos quais poderia ser evitada por mudanças estruturais muito simples. Isso são dez "11 de Setembro" a cada ano... Mas ninguém parece lamentar esta epidemia. Da mesma forma, mais de 1 milhão de americanos morrem de doenças cardíacas e câncer por ano - cujas causas atualmente são, em maioria, facilmente ligadas a influências ambientais. No entanto, independentemente dos mais de 330 "11 de Setembro" que ocorrem a cada ano neste contexto, as alocações de orçamentos públicos para pesquisas sobre estas doenças são apenas uma fração do dinheiro gasto em operações "anti-terrorismo".

Mas afinal como definir o verdadeiro terrorismo?..

Quando o mundo parar de acreditar que matar o líder de um “grupo terrorista” irá para-los totalmente, aí sim pode ser que existam formas de combate consistentes, coerentes e eficientes para todas as formas de terrorismos eminentes.