terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A diferença entre "estar taxista" e "ser taxista"

Li uma postagem (http://www.escoladetaxistas.blogger.com.br/2011_04_01_archive.html)  de um taxista que merece ser compartilhada:
Num destes dias estava eu parado no “podium” do meu ponto de táxi atrás de outro carro. Ele estava, pois, em primeiro lugar e eu em segundo. Aguardávamos que aparecesse o primeiro passageiro que, naturalmente embarcaria no carro da frente. Depois de ele sair eu iria ocupar o primeiro lugar e viria, lá de trás, um terceiro carro que iria ocupar o lugar deixado por mim. É assim que funciona o regulamento de qualquer ponto de táxi, ao qual todos temos de nos sujeitar.

De repente chegaram duas senhoras; uma, nova, com uma criança ao colo, que se sentou no banco de trás do carro do meu colega, A outra, uma senhora de idade, que abriu a porta da frente do carro, para se sentar ao lado do motorista. Devido à sua idade, fê-lo com dificuldade. O motorista que, antes, estava fora do carro, correu para o veículo, entrou e sentou-se ao volante, à espera que as duas se virassem sózinhas.
Sentado no meu carro, abri a porta e corri ao encontro da senhora de idade. Abri-lhe a porta, e ajudei-a a entrar no carro, pegando-lhe nas pernas para que ela se pudesse acomodar no banco. Fechei a porta e desejei-lhe boa viagem. Ela, comovida, olhou para mim com simpatia, agradeceu-me a ajuda, repetindo um sonoro obrigado duas vezes. O meu colega ligou a chave, pôs o carro a trabalhar e partiu, como se nada tivesse acontecido.
Decididamente este motorista não é taxista. Está apenas sendo, provavelmente, taxista, quem sabe, até que arranje outro emprego melhor.Mas se ele for taxista, melhor dizendo, quiser ser taxista, vai ter que aprender a ser educado,respeitar as pessoas de idade que vierem a utilizar o seu carro.Afinal são elas que vão contribuir para o seu sustento e, mais do que isso, para divulgar o seu amor ou falta de amor pelo que faz.
Tem taxista que foi motorista de caminhão de uma distribuidora de bebidas durante muitos anos. Um dia foi mandado embora e, com o seu FGTS comprou uma placa de táxi. Passou a trabalhar como taxista, a diferença é que ele tratou sempre os clientes como se os mesmos fossem caixas de refrigerantes! Não preciso dizer que, ao fim de trinta anos de atividade, ainda não conseguiu ter um único cliente.Trabalha na maçaneta e no telefone do ponto.
A maioria dos passageiros já nem fazem questão que os motoristas lhes abram a porta. Eles próprios abrem-nas, fecham-nas se acomodam dentro do carro, enquanto os taxistas, sentados ao volante, esperam apenas que os passageiros se virem sozinhos, para poderem arrancar o carro. Ao chegarem ao destino cobram o valor da corrida e “correm” com os passageiros para fora do carro, para rapidamente voltarem ao ponto de táxi.
São muito, muito poucos, os que tratam os passageiros como gente. Os que lhes abrem as portas, os ajudam a entrar, os que puxam o banco do lado para trás para o passageiro poder movimentar melhor as pernas durante a viagem, os que, no destino, esperam que os passageiros entrem em casa para só depois se irem embora, dando-lhes, assim, um sentimento de segurança. São muito poucos porque, estes, sobejamente conhecidos, são muito requisitados e estão sempre muito ocupados."Ruy Carlos Meneze de Morais e Castro

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